10 dicas para aproveitar a infância dos filhos (mesmo trabalhando muito!)

2016-02-25_1203Dá para aproveitar a infância mesmo trabalhando tanto? Nós dizemos que dá sim…Acreditamos que é mais um “estado de espírito” do que o tempo necessariamente. Realmente temos pouco tempo e muito cansaço, mas perder essa etapa da nossa vida e da deles, é muito triste!

Às vezes parece que seria meio na contramão na sociedade atual…curtir e aproveitar? Como assim? Ué…por que não?

Selecionamos DEZ DICAS para aproveitar mais mesmo com pouco tempo: 

  1. Lembrar que o café da manhã pode ter mais calma e alegria se todos acordarem mais cedo 20 minutos;
  2. Aproveitar as pequenas brechas para almoçar juntos, nem que seja uma ou duas vezes na semana;
  3. Chegar em casa de noite, comer um sanduiche e ir brincar um pouco no quarto com as crianças;
  4. Fazer coisas simples juntos como “um desenho”;
  5. Ouvir com atenção as histórias deles, todo dia um pouquinho;
  6. Se divertir nas tarefas simples como escovar os dentes;
  7. Quando estiver limpando a casa ou colocando a mesa, fazer a brincadeira de ter um ajudante;
  8. No final de semana não fazer mil programações cansativas na rua e ter mais calma;
  9. Fazer um bolo e comer juntos;
  10. Dizer eu te amo e boa noite;

Espero que gostem!

O TEMPO DE QUALIDADE E A QUALIDADE DAS PEDRAS

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“Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós.” Manoel de Barros

Na caminhada de TimTim, uma jornada de pequenas descobertas. Seus olhos, que desvendam diariamente o universo de duas quadras, compõem um mundo feito de muitos pedaços: pedrinhas, bichinhos, pessoas. Um mosaico de sentidos que precisa de muito cuidado em sua composição. E muito tempo. A mãe de TimTim o acompanha: atenta ao que o menininho busca ver, tocar e sentir, descobre que o cimento da calçada esconde um tesouro que só olhos muitos sábios podem encontrar. Descobre que o tempo e o espaço, esses que medimos em minutos e metros, são uma invenção de nós adultos, que aprendemos com tanta (d)eficiência a estreitar o presente para chegar mais rápido no futuro. Mas o presente é só o que existe, nos ensina TimTim. O presente é o que nos é dado, e nele descobrimos as pedrinhas do tesouro.

Nessa quinta-feira, numa noite excepcionalmente linda e amena do inverno Curitibano, aconteceu um encontro muito especial. Numa conversa sobre tempo de qualidade, reuniram-se pais e mães movidos pelo desejo de estar mais próximos de suas crianças. Corações que, tocados pela presença de um filho, são movidos pela intuição de que esse tempo do relógio esconde algo muito mais precioso, algo que nossas crianças nos pedem e nos oferecem: o tempo da relação. Assim como TimTim em sua jornada desvenda encantos, nossos filhos nos querem ao seu lado desvendando os detalhes do dia-a-dia. Detalhes que os revelam para nós, que nos revelam para eles, num exercício de reconhecimento mútuo: encontrar as pedrinhas preciosas do caminho que vão construir a identidade de um relacionamento. A solidez e a segurança de uma presença que serão a base emocional para as ausências necessárias e para os desencontros imprevisíveis.

Mas como conciliar o tempo do relógio com o tempo do coração? E como superar a frustração de não conseguir os “resultados” esperados nos minutinhos que conseguimos “encaixar” na nossa agenda para o tal tempo de qualidade? Talvez o nosso tempo de qualidade não precise ser o da festa, o da produtividade, o do entretenimento. A qualidade do tempo não está nem no que se produz com ele, nem nos minutos que se colecionam em números. Está na intimidade dos momentos cotidianos. Está no olhar nos olhos, na escuta carinhosa, na alegria da brincadeira que acontece simplesmente porque a infância existe. Está em nos encantar com os encantamentos que nossos filhos nos lembram como ter.

E desse encontro, um recado fica aos adultos donos dos nossos minutos: queremos, sim, o tempo de caminhar e observar pedrinhas ao lado dos nossos filhos. Estamos descobrindo, como nos mostrou esse encontro, o valor do tempo do afeto. O tempo como presente. E como direito.

 

O encontro “Como ter tempo de qualidade”, organizado pelo Mãezíssima e Mamaworking, aconteceu em 30 de julho, na livraria Cultura, numa noite de lua imensa. Participaram do encontro Andréa Cordeiro, Adriana Barretta Almeida, Grace Barbosa, e um auditório repleto de crianças brincando e adultos em busca de pedrinhas preciosas.

Pensando sobre o “tempo de qualidade”

“Perdido é todo tempo que com amor não se gasta”  (Torquato Tasso)

2015-07-15_1004Uma manhã como outra. Atrasada, levo o filho para a cozinha e enquanto passo o meu café, tento apressada fazer com que ele me diga como quer seu pão e ao mesmo tempo peço que vá para o quarto e tire o pijama pois estamos em cima da hora e precisamos correr. Ele, por outro lado, brinca com o puxador do armário, puxa uma banqueta e me diz:
– Vou cantar pra você uma música que aprendi ontem na escola: “Todo dia o sol levanta e a gente canta o sol de todo dia…”

Ali na cozinha, parada enquanto a xícara transborda sobre a pia, olho o menino de cinco anos, um pequeno bárbaro que insiste em me conectar com o que realmente importa mas que infelizmente já esqueci.

A cena serve como convite para pensarmos em como arrastamos as crianças, mesmo sem querer, à nossa relação “adultocêntrica” com o tempo: angustiada, mercadológica, tensa e quase sempre insatisfatória.

O tempo e o controle do tempo que perseguimos à exaustão é o tecido para nossos projetos de vida. Ignorar que existe um mundo a nos exigir presença, assiduidade e dedicação é impossível. Apesar disso há um número crescente de pais e mães que resolveram não aceitar a naturalização dessa lógica de que o tempo com os filhos pode ser reduzido ao mínimo sob a ideia de que bastaria agendá-lo e intensificar a “qualidade ” do que se vive nestes poucos momentos.

A ditadura da “qualidade”, ideia volátil mas que entrou em nosso vocabulário com o sentido que as teorias de administração lhe dão, associa-se assim à ideia de “administrar e reduzir o tempo” e sem que percebamos estamos perseguindo com os filhos uma lógica de negócios: conseguir mais resultados em menor espaço de tempo.

Estar com os filhos, nesse sentido, passa a ser criar momentos curtos, mas intensos e que produzam algum resultado. Nesta perspectiva não há tempo para sentar e simplesmente ver o filho brincar. Não há tempo para conversas sem roteiro, para a partilha da delicada rotina do sujar-se e limpar-se, do choro e das risadas, sem nenhum objetivo direto exceto estar juntos no momento presente. Não há tempo, enfim, para a beleza da vida como ela é.

O tempo da criança, necessariamente à margem do relógio, está muito menos sintonizado ao ritmo da sociedade (que é o do mercado, da produção e do consumo) e muito mais ligado à subjetiva duração de suas experiências corriqueiras com o que a toca, a intriga e a move e precisamos limpar nosso olhar para a simplicidade e despojamento que isso exige de nós se decidirmos participar deste processo.

Certamente estar ciente desta necessidade de desaceleração e de abertura de espaço para a experiência de estar juntos no momento presente pode não ser o bastante para mudarmos nossa carga horária no trabalho, mas refletir sobre isso é um primeiro caminho.

O dia não ficará mais longo porque você sente que precisa participar mais da vida de seu filho, mas apenas se entendermos a beleza do compromisso que assumimos ao nos tornarmos pais e mães poderemos talvez mudar nossa perspectiva e passar a buscar novas formas de relação com o nosso tempo em família, revendo nossas prioridades e nossa ânsia por resultados, apaziguando nossos temores pelo futuro.
O historiador Edgar de Decca diz que o maior triunfo das formas modernas de produção foi conseguir enfiar um “relógio moral no coração de cada trabalhador”. O maior triunfo da infância, em contrapartida, é simplesmente resistir a isso e, se deixarmos, nos ajudar a ouvir de novo do nosso coração, não o tic-tac, mas apenas o pulsar.

Andréa Cordeiro é pedagoga e Doutora em Educação pela UFPR. Professora e coordenadora pedagógica na Educação Infantil por mais de vinte anos, hoje atua na formação de professores nos cursos de Especialização em Coordenação Pedagógica da UFPR. E é consultora e autora do Projeto Infantil do Mamaworking.

 

“Crianças aprendem o que vivem”

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Não existia. Mas porque o amaram chegou a ser. 

Rainer Maria Rilke

Se você tem trinta anos ou mais é bem provável que tenha em algum momento se deparado com o pequeno mas muito popular texto da escritora americana Dorothy Nolte intitulado “Crianças aprendem o que vivem”. Dorothy escreveu este texto para sua coluna em um jornal da Califórnia em 1954 e de maneira incrível em tempos de divulgação impressa o texto “viralizou”, sendo traduzido para vários idiomas, estampado em calendários, livros, revistas, produtos para bebês e múltiplos meios. Quem não se lembra da simplicidade de seu conteúdo?

“Se as crianças vivem sob críticas, aprendem a condenar.
Se convivem com a hostilidade, aprendem a brigar.
Se vivem sendo ridicularizadas, aprendem a ser tímidas.
Se vivem com vergonha, aprendem a sentir culpa.
Se as crianças vivenciam a tolerância, aprendem a ser pacientes.
Se vivenciam os elogios, aprendem a apreciar.
Se vivenciam a aceitação, aprendem a amar.
Se vivenciam a aprovação, aprendem a gostar de si mesmas.
Se convivem com a sinceridade, aprendem a veracidade.
Se convivem com a equidade, aprendem o que é justiça.
Se convivem com a bondade e a consideração, aprendem o que é respeito.
Se as crianças vivem com segurança, aprendem a ter confiança em si mesmas e naqueles que as cercam.
Se as crianças convivem com a afabilidade e a amizade, aprendem que o mundo é um bom lugar para se viver.”

São mais de sessenta anos nos separando de Dorothy e sua máquina de escrever, mas mesmo com as brutais diferenças que apartam nossos mundos ainda há algo ali, naquelas palavras, que parece continuar a fazer sentido.

A ideia de que é no lar que se produzem as marcas fundamentais para nossa maneira de “chegar a ser” é tão simples quanto poderosa.

Entendido aqui não como o espaço que guarda nossas coisas, mas como espaço que protege nosso aprendizado do afeto e da convivência, que acolhe a nossa descoberta de si mesmo e do outro, o Lar é, ou poderia ser, o palco perfeito para os exercícios da ternura, da aceitação, da honestidade com os próprios sentimentos, da tolerância e também do limite, do cuidado com o outro e da responsabilidade pessoal. E neste jogo, que se chama crescer, crescemos todos, pais, mães e filhos.

Um lar positivo não é um espaço artificialmente programado para que “mensagens positivas” se introjetem na criança, tampouco é um lar onde a harmonia e a alegria reinam perenes, isto não existe. Mas é o lugar no qual a busca pela confiança mútua é tamanha que permite a todos a expressão, a escuta e sobretudo a “aposta” na potência que existe no outro.

E aqui nós, pós-modernas ou o que seja, nos reencontramos com a velha Dorothy para dizer que sim, crianças que vivem sob a aposta de que nelas habita um universo de possibilidades de “ser-mais”, aprendem que mesmo num mundo complexo e imperfeito é possível ser feliz.

Sobre a autora deste texto:

Andréa Cordeiro é pedagoga e Doutora em Educação pela UFPR. Professora e coordenadora pedagógica na Educação Infantil por mais de vinte anos, hoje atua na formação de professores nos cursos de Especialização em Coordenação Pedagógica da UFPR. E é autora do Projeto Infantil do Mamaworking.

 

10 Brincadeiras (ou interações) saudáveis para bebês

 

2015-06-12_1218Nosso encontro “Papo de mães: brincadeiras saudáveis para bebês”, com Rita de Cássia Martins (mestre em educação) foi tão bacana, que decidi escrever as brincadeiras ou dicas de interação com bebês que mais fizeram sucesso entre as mães.

Rita de Cássia nos falou sobre o quanto os bebês são sensíveis ao mundo exterior e à própria mãe, lembrando que seu ritmo precisa ser respeitado na frequência de estímulos também. Ou seja, para seu bebê poder estar tranquilo é preciso que não receba muitos estímulos sensoriais (às vezes, ao contrário do que a mídia nos diz ou estimula), nem sonoros, nem visuais. Então brinquedos eletrônicos, barulhentos, TV e até móbiles constantes e muito próximos ao rosto do bebê, podem acabar por estressá-lo.
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Outra questão importante ressaltada por Rita diz respeito ao quanto a “aprendizagem” do bebê está relacionada com a “livre exploração de objetos” simples, com texturas, cores, temperaturas, aromas e materiais variados, que eles não costumam ter acesso, mas demonstram interesse, como por exemplo colheres de pau, panelas de metal, caixas de papelão, tecidos de cores variadas, tudo sempre com supervisão da mãe.

Para mim, o que ficou de mais importante é o quanto os bebês – no seu próprio ritmo – podem aprender a brincar sozinhos e com a mãe, sem a necessidade dos tais “brinquedos que estimulam”, tão apregoados na mídia. Ou da TV e tablet (que dão sossego na hora mas acabam por torná-los mais ansiosos).

2015-06-12_122310 Brincadeiras e interações recomendadas:

  • Deixar a criança explorar livremente objetos, sem pressa.
  • Proporcionar objetos (não necessariamente brinquedos) de diferentes texturas: madeira, metal, pano, lã.
  • Embalar e cantar cantigas acalmam e trazem noção de ritmo e musicalidade.
  • Lembrar que “não fazer nada” também é importante. Os bebês brincam com partes do corpo e podem prestar atenção aos sons do ambiente.
  • Interação com elementos da natureza – grama, árvores, bichos (com supervisão de adultos).
  • Conforme o bebê cresça compartilhar com ela o que fazemos, para ela poder nos imitar. Como quando cozinhamos, embalamos bebês, limpamos a casa, falamos ao telefone, trabalhamos, escrevemos etc.
  • Brincar com sons e imitação de bichos. Fantoches.
  • O clássico “achou!”. Desaparecer e achar a mãe atrás do pano.
  • Panos coloridos que podem virar pássaros, bonecos, podem voar por suas cabecinhas.
  • Deixar que se movimentem livremente no chão: deitar, rolar, levantar o pescoço.

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As mães sabem brincar?

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O que é o brincar infantil? Para uma situação se tornar “brincadeira”, ela precisa ser agradável para quem brinca, precisa ser espontânea e voluntária, ter como objetivo a busca pela diversão e envolver completamente a pessoa (definição de C. Garvey).

Na primeira infância a criança está desenvolvendo seus sentidos, seu pensar, sua capacidade de criar, seu corpo e sua movimentação. Ela está começando suas relações com os outros. E tudo isso é feito pelo brincar.

Para Rudolf Steiner, o brincar é como um rio que corre, e as mães e pais são as margens que servem de sustentação para ele correr. O brincar é uma força da natureza; não podemos ensinar nada para a água, ela corre por si.

Muitas mães dizem que não sabem brincar com seus filhos. Mas, as próprias mães são o primeiro “brincar” deles. Nas pequenas cócegas, cheiros e repetições melodiosas que fazem o bebê sorrir, no pegar, no balançar, nos fantoches feitos com o lençol. As mães brincam porque querem que seus bebês se divirtam e sorriam, porque querem que cresçam bem, que sejam felizes.

Quando as crianças crescem um pouco, nossa sociedade diz que devem “aprender”, e tem uma série de fórmulas para isso. Mas as crianças aprendem mais e melhor quando se divertem, porque no brincar experimentam e vivenciam noções de seu corpo, desenvolvendo agilidade, coordenação motora, imagem corporal, noção espacial, equilíbrio, relacionamento social, ética, criatividade, raciocínio… Tudo ao seu tempo. As crianças têm 12 anos de infância e em todo este período devem brincar para crescer.

Brincar é a atividade humana que prepara a criança para a vida adulta. A brincadeira sadia, que explora a natureza, que vivencia ambientes lúdicos e relações afetivas é fundamental. E as mães sabem brincar porque sabem o que faz bem aos seus filhos, o que os acalma e o que os torna felizes.

Com o passar do tempo e os afazeres diários, muitas mães se distanciam do brincar com os filhos. Mas se resgatarem aquele primeiro brincar e buscarem momentos de envolvimento alegre, deixando o rio correr, quando perceberem estarão brincando com eles.

Vamos então aproveitar a Semana Mundial do Brincar para celebrar a brincadeira que ativa a força incrível da infância de viver e agir no mundo. Para celebrar também as mães que são o primeiro “brincar”: intuitivo, afetivo e inesquecível.